quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Argentina está cada vez mais dependente das exportações para o Brasil

O ex-embaixador da Argentina em Paris, e professor da Universidade Torcuato di Tella, declarou recentemente que o Brasil caminha para ser uma potência mundial, em um processo como o que viveu os Estados Unidos há cem anos. E a Argentina precisa se preocupar em ser o Canadá dos Estados Unidos, não o México.

Esta declaração demonstra o quanto os argentinos estão preocupados com a “Brasil-dependência” da indústria daquele país.

O aquecimento do consumo brasileiro combinado com a expansão da indústria da Argentina traz preocupações em todos os setores econômicos dos hermanos, cujo nível de atividade subiu 12,4% nos seis primeiros meses do ano.

Já somos responsáveis por quase 50% de tudo que é vendido na Argentina. Em 2003, início do governo Lula, o Brasil era responsável por apenas 26,8% das exportações. Devagar, fomos reduzindo participação no mercado americano e ganhando no principal membro do Mercosul.
Mas o que preocupa tanto os economistas e especialistas argentinos é a baixa diversificação dos sócios comerciais do país. Assim como em qualquer negócio, ter apenas um cliente que represente metade do que você vende é modelo de negócio bastante perigoso. Uma gripe na economia brasileira e toda a indústria do país do Maradora seria direcionada para o limbo.

Para se ter uma idéia da dimensão do problema, Chile e Estados Unidos juntos, segundo e terceiro destino das exportações industriais, não representam um terço do que é vendido para o Brasil. Mesmo com toda rivalidade no futebol, os Argentinos dependem (e muito) do sucesso econômico brasileiro.

Empresas como a Petrobrás, com grande participação no mercado argentino, mexem com alguns setores importantes daquele país. Para abocanhar um pedaço das licitações da estatal do petróleo brasileiro, os estaleiros de lá já assinaram convênio com a Sinaval, a associação do setor no Brasil, e que já rendeu frutos. Eles já estão na briga por uma licitação de 80 barcaças de transporte de etanol na hidrovia Tietê-Paraná.

E não é só o setor estatal de petróleo de cá que pode impulsionar o PIB de lá. De cada 100 veículos fabricados na Argentina, 56 são vendidos para o Brasil. Com estes números foi garantido um crescimento de 56% para o setor, aumentando as projeções oficiais de terem 680 mil unidades produzidas em 2010. Um recorde para o setor automobilístico local.

Mas esta pujança pode trazer à tona algumas dificuldades na cadeia produtiva, principalmente no setor de autopeças. E a falta de mercadoria pode fazer comprometer o brilho do crescimento econômico do governo de Cristina Kirchner.

Ainda bem que todo este crescimento não se reverteu em saldo negativo para o Brasil. Nos sete primeiros meses de 2010, o superávit brasileiro nas transações bilaterais alcançou US$ 1,464 bilhão – exatamente o dobro dos US$ 738 milhões registrados em todo o ano passado.

Mesmo dizendo que a dependência com o Brasil é perigosa, eles querem nos vender tudo e já tentaram emplacar o Maradona como técnico do São Paulo. Felizmente, este produto não foi aceito pelos Brasileiros.

Fonte: ComexBlog - Carlos Araújo

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